terça-feira, maio 10, 2005

Não é uma coisa que tenha vindo nessas minhas crises depressivas de dor de cabeça, mas uma coisa que me importuna tem muito tempo. O quanto vale o sentimento.
Quanto pesa (ou deve pesar) na vida das pessoas as suas aspirações? Será que é viável eu, como ser humano em busca da plenitude da felicidade, abdicar das coisas que amo e zelo por dinheiro, segurança e estabilidade, numa sociedade que nem sei se prezo ou desprezo?
Talvez meu lado sonhador, já amortecido tem muito tempo, esteja novamente se manifestando; talvez a solitude (que para mim é sem nenhum fundamento) não tenha ainda se apossado de mim, e eu consiga ainda andar com as minhas pernas longas nas nuvens, onde a capacidade criativa me parece ainda ter encantos.
Para mim é triste e desestruturante imaginar uma vida sem a gana de fazer o que se acredita, mesmo que dê errado ou que se precise baixar um padrão de vida. Não imagino uma vida se estruturando em cima de uma mentira pessoal, onde se finge estar bem porque tem dinheiro no bolso.
Ta, claro, eu sou uma baita consumista. Dinheiro para isso é bom! Mas... realmente necessário? Não. Hoje vejo que minhas necessidades primárias são bem pouco constituídas de bens materiais. Não deixo de consumi-los incontidamente, não vou ser hipócrita, mas sei que de forma alguma são prioridades.
O que noto (e posso estar plenamente enganada) é que as pessoas se envolvem em dinheiro e, cada vez mais, se afundam nele. A honestidade tem perdido seu valor, bem como valores sociais estão se dispersando. Talvez essa visão capitalista não funcione mais. Para mim, não funciona há muito tempo.
Precisei de muitas opiniões para saber se estou surtada ou se isso é uma forma sólida e consistente de encarar meus dilemas atuais. Claro, dilemas. Devo seguir o caminho estruturado e seguro que todo mundo insiste que eu siga (talvez um concurso para alguma coisa que eu odeio, ou um trabalho no banco), ou devo seguir o caminho que eu sempre soube que era meu, avoado, insólito, sem nenhuma segurança e sem saber do dia de amanhã. Na verdade, tanto por felicidade, satisfação pessoal ou simplesmente pelos valores que quero passar para os meus futuros filhos, o segundo caminho sempre me pareceu mais seguro para mim. Sem estrutura, mas possivelmente com a maior estrutura interna que eu poderia ter: aquela que me agüenta, e não se importa com o que vão considerar. Porque essa é a verdade: não importa o que os outros possam pensar, se eu estou estabilizada!
E por mais doente (e insana, possivelmente) que eu tenha andado, creio ter encontrado um ponto estável dentro de mim, e isso ninguém é capaz de criticar de forma a abalar. E-mails estúpidos e gente querendo o teu mal chega a toda a hora na vida, mas respeito pelos outros é difícil hoje em dia, e por si mesmo me parece ainda pior de se adquirir. As vezes, o "por favor" deve vir antes da ameaça, porque ele funciona com muita gente; o problema é que muita gente também esqueceu a educação em qualquer outro lugar, mas não a trouxe para a vida, para o cotidiano.
Só devo poder acrescer um ditado chinês (se não me engano), que eu honestamente não sei qual a tradução literal, mas é mais ou menos isso: "vá pelo caminho mais sinuoso para ver a beleza da paisagem".